Foto: https://www.google.com/
NEIDE BARROS RÊGO
( BRASIL – RIO DE JANEIRO )
(1938-20220
Mineira de nascimento. Declamadora, escritora, acadêmica e soprano.
Professora de arte de dizer. Membro da Academia Fluminense de Letras, dentre outras.
Em 1994, organizou a antologia Água escondida.
Participou da Antologia Del´Secchi do volume III ao XIV.
Reside em Niterói, RJ.
ANTOLOGIA DEL SECCHI, 2005 Volume XV, Rio de Janeiro: 328 p. 14 x 21 cm ISBN 85-8649-14-3 No. 10 231
Exemplar da biblioteca de Antonio Miranda, doação do amigo (livreiro) Brito, Brasília, novembro de 2024.
SOLTANDO AMARRAS
Mais que nunca
é preciso criar poesia.
Colher versos simplesmente.
Sem caçar palavras.
Esperar que elas
nos procurem.
Deixar fluir a emoção.
Abrir comportas.
Desbloquear.
Saltar barreiras.
Libertar medos.
Sair de si.
Contracenar.
Soltar seu grito!...
(2000)
para o antologista Roberto Castro Del´Secchi.
ANTOLOGIA DEL ´SECCHI, 2008. Organização Roberto de Castro Del´Secchi. Rio de Janeiro: Del´Secchi, 2008. 404 p. 14 x 21 cm ISBN 85-86494-14-3
No. 10 253
Exemplar da biblioteca de Antonio Miranda
POR QUE, FLORISBELA?
Por que, Florisbela, abandonaste a vida,
tristemente, num quarto solitário?
Por que marcaste a hora da partida
para o dia do teu aniversário?
Pudesses resistir, mulher sofrida,
farias de sonetos um rosário.
Talvez, no afã dos versos, distraída,
esquecesses o mal do teu sacrário.
Mas eu não te condeno, pois o amor,
o amor, em ti, Florbela, foi tão forte,
tão grande a tua angústia interior!...
Teus versos foram belos de tal sorte
que, após uma existência de amargor,
teu nome permanece além da morte.
PIETÁ
Senhora da Piedade — imagem da tristeza —
a cabeça pendida... e Jesus em seus braços!...
Depois de tanta mágoa e de tantos cansaços,
quase a desfalecer, exaurida, indefesa;
após vê-lo na cruz suportara a vileza,
os martírios, o escárnio, em todos os seus passos,
sem poder socorrê-lo, envolve-lo em abraços;
veria padecer bem mais (tenho certeza)
outra pobre mulher, ao ver o filho morto,
Judas, o traidor, numa corda, enforcado.
Quanto desgosto e dor lhe deu o filho amado!
De ninguém recebeu palavras de conforto.
Somente a mãe de Cristo olhou-a complacente
e, abraçando a infeliz, chorou piedosamente.
*
Para ampliada e republicada em fevereiro de 2025.
*
VEJA e LEIA outros poetas
|